reflexões sobre a queda do twitter brasil (x)

fez uma semana desde a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que suspendeu a rede social X (antigo Twitter). nesse contexto, não faltaram desinformações e memes sobre a decisão da instância máxima da justiça brasileira. nesse texto, não pretendo abordar as eventuais interpretações e as repercussões da decisão (correta) do Supremo.

Stella Maris
5 min readSep 8, 2024

nota: vou ser saudosista , então continuarei chamando o Twitter de Twitter.

eu tenho twitter desde 2013. a priori, a minha primeira conta foi suspensa por conta da minha idade (13 anos). já a minha segunda conta, que uso até hoje, completará 10 anos em abril de 2025.

eu tenho uma relação conflituosa com redes sociais. ao mesmo tempo que busco resguardar o meu direito a privacidade, tenho contas nessas plataformas que não faço a mínima ideia do que elas fazem com meus dados — confesso que tenho preguiça para ler termo de compromisso.

redes sociais como instagram e facebook nunca foram minha praia. do tipo, eu tenho uma visão muito cautelosa sobre até quanto eu devo publicar minha imagem e/ ou vídeo nessas redes sociais, pois sabe-se lá o que eles estão fazendo com meus dados.

além disso, eu tenho uma relação bem sensível com minha auto-imagem — um mix de autoestima baixa fundada numa raiz psico-familiar, com uma pitada de excesso de spam de discursos não-saudáveis da indústria de saúde e bem estar que circulam no mundo digital.

enfim… Girl, it’s so confusing sometimes to be a girl…

dessa forma, para mim, os espaços digitais de microblogs como o twitter e o tumblr, sempre foram um bom local para lidar com as coisas que me ocorriam — e me ocorrem.

acho que pessoas introvertidas meio que se identificam mais com a estética ou a experiência de uso de redes como o twitter, pois lá é um grande palco para falar vários nadas sem o risco de ser julgado.

DE UMA FORMA BEM GERAL, não falo de usuários que utilizam dessas redes para propagar discursos de ódio ou fazer apologia a qualquer tipo de violência, perseguição a grupos minoritários.

além disso, entendo que nos últimos anos — principalmente desde a compra pelo Elon Musk — o Twitter foi transformado em um local inóspito.

com um discurso de “liberdade de expressão”, o Musk deu voz e local para que criminosos pintassem e bordassem nesse hospício aberto que o twitter converteu-se. no entanto, não quero me ater tanto a isso.

acho que o que sempre gostei no twitter e o que mais me fez falta, a priori, nos primeiros 4 dias de banimento, é que sou do tipo de pessoa que gosta muito de escrever. esse é meu tipo de comunicação elementar.

não sou muito boa em comunicação oral. não suporto a ideia de ter que me comunicar via vídeo ou imagem. odeio a experiência de usar o instagram, parece que estou falando com a parede. dessa forma, o registro de pensamentos ou opiniões em uma plataforma de microblog meio que é meu refúgio.

não falo de escrever coisas íntimas que me permeiam, pois para isso eu tenho um diário; muito menos escrever grandes textos, ensaios ou artigos, pois para isso eu tenho o medium.

falo de escrever coisas bobas, ideias aleatórias, pensamentos fúteis, interagir com os amigos sem necessariamente falar grandes coisas, apenas manter contato.

sei que é bem difícil pensar nisso, principalmente se olhar os indicadores das redes sociais. as pessoas não buscam tanto interações, elas buscam gratificações rápidas.

porém, eu gosto de nadar contra a correnteza. não porque busco ser diferente, mas porque sou humana. sou movida a um outro e não a um algoritmo.

mesmo que nessas redes “sociais”, eu tenha poucos “seguidores”, os quais prefiro chamá-lo de mutuals e tratá-los como web-amigos, no sentido de amizade mesmo…

em saber que existe uma pessoa ali por trás de um user esquisito e com foto de perfil aleatória, mas que, de certa forma, compartilha comigo os mesmos gostos, as mesmas obsessões fúteis em divas pops, que possuem preocupações com a política do país, que falam sobre cinema, arte, música, desenho, que talvez eu nunca tivesse contato, pois na maioria das vezes, eu sou direcionada a um certo tipo de produto, de mídia, de música, de filme, pensados por uma inteligência artificial que modela sugestões através do meu toque na tela…

gosto de pensar que apesar dos pesares, as mídias sociais e a tecnologia não são as maiores inimigas da sociedade. no entanto, seu uso indiscriminado e a falta de uma educação sobre esse uso, torna a gente refém dessas big techs.

num movimento que parece que o mundo para, quando não temos um twitter para nos dizer o que anda acontecendo. imagina se a netflix parar de dizer o que a gente precisa assistir? meu Deus que loucura pensar que em algum momento da história da humanidade, os humanos decidiam o que faziam…

fim dos tempos, fim do mundo…

anyway

não busco likes, muito menos hits. busco pessoas com que posso interagir, mesmo de uma forma boba, numa troca de memes, numa discursão sobre diva pop, falando várias asneiras, mas buscando interagir, não apenas reagir.

podem me chamar de tola. e talvez, eu seja mesma. mas e daí?

finalizo falando que estou usando o bluesky, pois ele é o mais próximo do twitter e foi onde eu re-encontrei meus moots.

mas estou sempre aberta a fazer novos moots, pois adoro conhecer novos pontos de vistas, ser surpreendida por aquilo que não espero… assim é a vida.

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